Uma cidade entre páginas, sentidos e contradições: cultura escrita, usos políticos e construção de memórias no Recife (1910-1920)

Abstract

Esse trabalho discute as relações e intersecções entre as principais revistas recifenses e os projetos e discursos políticos existentes no contexto histórico da cidade do Recife nas primeiras décadas do século XX, período temporal em que as principais capitais brasileiras passaram por uma série de transformações visando urbanizar e modernizar o campo material, por meio dos discursos e práticas que buscavam a construção e cristalização de memórias formadoras do cotidiano e das sociabilidades da cidade. De modo a compreender essa conjuntura, a presente pesquisa trouxe como proposta de estudo e análise historiográfica compreender e analisar o lugar que a imprensa periódica, em especial as revistas, ocupou enquanto agente ativo que constantemente interagiu na formação da mentalidade e na constituição de uma memória coletiva naquele contexto marcado por configurações de identidades. Para tanto, utilizamos algumas das principais revistas que tiveram circulação significativa no cenário social da cidade, sendo elas: a Revista da Cidade, Rua Nova, Mauricea e A Pilhéria. A reflexão central é demonstrar o quanto os espaços das revistas eram politicamente comprometidos na constituição de identidades.